Gali
Poesia no Caos
[Intro: Kamon & Gali]
É o rap!
Eu quero ver quem vai ficar na hora que o bicho pegar
É o rap!
Ainda é pelo povo
Ainda é pelo povo
Eu vou que vou
Ainda é pelo povo
Ainda é pelo povo
Eu vou que vou

[Verso 1: Diogo Loko]
Ha! Eu me vi, eu vivi
Escrevi tudo que eu senti
E a inspiração quando negro álibi e cirurgia
Verso de rua, rima bruta, resistência
Guerreiro da luta e da conduta dos anos 90
Palmas pro país do penta, molecada sem merenda
E contando as pista portando .40
O inimigo é outro, entenda
O papo aqui já foi dado
Cês acredita na Globo, porra, tá tudo errado
Aê, cadê o Amarildo? Mataram Marielle
País do Carnaval condena pela cor da pele
Com precisão, salve Mortão, Primeiramente e Shomon
DJ Fire, Ravi Lobo e Kamon nessa missão
Fechadão nos fundamentos que se foram, eu me lembro
Salve pros cria, bom tempo, somos detentos
E o povo segue sofrendo, DF tá mó veneno
Nos bosque da Norte, na fé tamo sobrevivendo
E eu tava na laje, ali no Viet, no domingo à tarde trampando nos rap
Carai', tem umas coisas que a mente não esquece, lembrei do barraco em 2007
Via o passado assombrar o futuro, meu corpo vivendo e a alma de luto
Na escuridão, ’tava vendo até vulto, o rap foi a luz que me trouxe outro rumo
Salve Maloka, Vietclã, Diogo Loko
Poesia preta pura, para, parça
É pro meu povo
Salve Maloka, Vietclã, Diogo Loko
Poesia preta pura, para, parça, é pro meu povo
Salve Maloka, Vietclã, Diogo Loko
Poesia preta pura, para, parça, é pro meu povo

[Verso 2: Kamon]
Sub doze com orgulho, rap noventa me inspira
Submetralhadora rajada lírica, escola de vida
O aprendizado é gang e os portões não me limitam
Rap, prova viva que a rua também ensina
E a matéria que eu mais gosto minha professora odeia
Canto um universo em crise e ela diz que é brincadeira
Aqui tu plantas, tu semeia, aposta nas crianças
Amar é mesmo para os fortes, entenda
Rua, meu love song não é só song de love
Em tempos difíceis canto amor ao próximo sem cortes
Avisa lá que é o Kamon que tá no toque
Guardas, tiras, walkie talkie, e os racistas fica em choque
Nem quero saber quem fez essa bagunça no jardim
Tratem de arrumar tudin', pros seus filhos e pra mim
Os canalhas que estragaram há de colher só o ruim
Fruto podre em terra fértil não se arruma com dindim
A ira dos menor bolado no futuro
Há de ser palavra ferro se estivermos no escuro
Ou aprende pelo amor e garante o porto seguro
Ou amarga pela dor e sente o peso desse murro

[Verso 3: Thiago SKP]
E as noites são traiçoeiras, com ansiedade me afoguei
Tô procurando ir embora de onde ainda nem cheguei
Se no tiro, a bala cala, o que te abala é peso chumbo
Não engoli desaforo, então saí cuspindo chumbo
Não tenho dúvida que é uma dádiva
Nunca foi dívida, é dividir a vida
Tô no dilúvio, escrevo no estúdio
Rimas de repúdio, buscando a saída
Não escreva rimo vazia que instiga briga de fã
Nossa história é escrita na rua e a sua só fica um dia no Instagram
Somos aparência no game, porém gerar hype é que é pretexto
No texto diz que não importa
Se não importa, por quê fez o texto?
A um passo do poço, peço uma prece
Aquilo que pulsa nunca teve preço
Não é fácil, tá osso
O meu verso desce, cê não expulsa usando um terço
Dichavo esse verso solto e sinto meu peito prensado
Só eu sei o que eu tenho passado
Pensado em tudo que tem me pesado
Tô chorando direto há semanas
E há meses não tenho rezado
Fica difícil pensar lá na frente
Se eu não tenho você do meu lado
Pior que eu me vejo no jogo
Um carrinho machuca a minha perna
Cê foi tão foda que tão condenou todo minuto à saudade eterna
A morte chega pra todos
Na minha tente não chorar
Não tô triste porque fui embora
Eu fico feliz porque vou te encontrar

[Ponte: Gali]
Ainda é pelo povo
Ainda é pelo povo
Ainda é pelo povo
Ainda é pelo povo
Eu vou que vou

[Verso 4: Ravi Lobo]
O sonho vivo no coração é mais real que tudo
O ódio matou o rancor e a depressão acordou de luto
Rondesp levou noventa por cento dos meus amigos
Minha quebrada chora, só chora fingindo que tá sorrindo
Conselho de mãe nunca falhou, nunca vai falhar
Te faz a oração que te livrou e desviou das balas
Eu sei, jow, cê falou, salvador no amor
Na pista e no cangaço minha família revolucionou
Desde de sempre o lobo tenta a sorte, ver pra crer
Ku Klux Klan enforcado bota a cara pra 'cê ver
Amor, lealdade, irmandade na tristeza e na alegria
Uma luz no fim do túnel fazendo ladrão chorar com poesia
Brasil perdido nos becos da vida, apertou na morte
Bahia nervoso, meus pivete que venceu os pinote
A tropa, nova era suburbana, canto pro meu povo
Político é chuva de bala, estuprador é veneno e fogo

[Verso 5: Nocivo Shomon]
Vivo o sentimento pra compor em cada batida
Mais do que cantar rap, preciso cantar a vida
Entre Judas, suicidas e suas tramas absurdas
Vozes da verdade inútil pra mentes surdas
O surdo faz o grave, vivência um poeta
A mão que faz a bomba torna a estrada deserta
Queria ter mais tempo pra falar das flores
Que nem todo seu ouro compra meus valores
Queria mais sambista espantando as dores
Queria que as pessoas não matassem pelas cores
Eu trago visão para expandir as pineais
Essa eu me inspirei na letra dos Imortais
Vozes angelicais, profetas procurando a paz
O topo te faz um herói, sua queda te torna capaz
Animal voraz, Dona Selma foi leoa
Trocaria meu Camaro pelo abraço da coroa
Rosas e canhões, morreremos como o deserto
A dor te faz lembrar que ela não tá mais por perto
Mais uma lágrima no chão eu vejo cair
Roubou a brisa, a memória, a mente além
Coração de robô pra fingir sorrir
E poder te falar que tá tudo bem
Que tá tudo bem, que tá tudo bem

[Verso 6: Maurício DTS]
Cê quer saber, fecha a minha conta, é meu último gole
Preciso ir, não posso permitir que seja aqui o fim, que essa dor me isole
Busquei a força onde não tinha
Lutei pela minha
Pra descobrir que a vida é fábrica de abrir feridas
Mais cruel que um promotor de um grande amor que te abandonou
Dilacera a alma, veja o que restou de mim
Minha lealdade, minhas histórias, minhas lutas
No momento eu vou juntar meus caco e prosseguir na busca
Deus, por caridade, acalma a saudade, que é tarde
Várias noite sem dormir e dias de obscuridade
Aos meus, minha lealdade eterna em cada perda trágica
O amor divino é o lenço que enxuga as lágrimas
Que regaram o meu jardim onde planto memórias
Reflore dor que voltam sempre, vão na predatória
Em meio a caos e degraus, furas e FALs
Cê só descobre tarde que o amor é incondicional
Descobre o peso das palavras que não foram ditas
Que moedas compram Judas, mas não compram vidas
O espelho me lembra meu pai, me remete ao meu filho
Chorando, eu vi o destino puxar o gatilho
Vou fingir que não vi o verme frio ri
Mas registrei cada covarde, o pró-labore vem depois, fi’
De forma empírica se aprende que pausa não é breque
A la guerra, pues
Malparido, usted no me conoce

[Verso 7: MC L.O]
Do fundo da alma
Te resgato no escombro do ser
Eu vim te devolver o poder
O controle sobre você
Exterminam nossos pensadores
Eles procuram pensamento pronto
No século da depressão
Emoções fracas, almas em prantos
Meu estado matando a cultura
Não se vê mais nas praças dos bairros
Repentista, ciranda, xaxado
Enterrados no nosso passado
Eu canto pra bandido matador, sou ex do time
Torcida organizada TOIC, Os Cães, é Gang Vip
Eu vivi essas brigas de rua
Enterrei uns comédia no peito
As tatuagem de armamento
Denunciam que fui violento
Não vim pra ser artista, sou um rapper, sou um alvo
Ajudei sem esperar pra ficar despreocupado
Hoje sou um exemplo pro bairro
A polícia ainda mexe comigo
Eles sabem do meu passado
Só querem me pegar no vacilo
Eles querem só os frutos, vixe
Eu sustento a raiz origem
Só se muda o placar se tiver escalado no time
Valor que se inverte, é triste
Até surgir um novo Hitler
Se engana quem não pensou na repetição desse filme
Eu vim pra descobrir o que as palavras não disseram
Há um preço a se pagar, os que pensam já esperam
Vão retalhar o meu corpo
Mas não vão penetrar na minha mente
Essa é a cypher dos cara mais chato
O anonimato é surpreendente